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segunda-feira, 30 de abril de 2018

A Mulher Culpada

Autor: Elle Croft
Edição: 2018/ março
Páginas: 320
ISBN: 9789892341545
Tradutor: Ana Saldanha
Editora: ASA

Sinopse:
Bethany Reston é uma fotógrafa de sucesso e tem um casamento feliz. Quando consegue um cliente de renome, o bilionário Calum Bradley, sabe que a sua carreira vai prosperar. O que não sabe é que a relação profissional dará lugar a um tórrido caso extraconjugal.

Não foi premeditado. Mas aconteceu. É avassalador. E ninguém - ninguém - pode descobrir.
Quando Calum aparece morto, tendo sido apunhalado em plena estação de metro - o último local onde Bethany se encontrou com ele - ela sofre duplamente. Pela perda de um grande amor. E por não poder partilhar a sua dor. Acima de tudo, tem de manter as aparências.

Mas alguém sabe o seu segredo. Alguém que está agora a ameaçá-la... lenta e impiedosamente.
Com o cerco a apertar, e as provas contra ela a avolumarem-se, só há uma forma de Bethany provar a sua inocência: tem de encontrar o assassino.
Mas todos, polícia incluída, parecem cada vez mais convencidos de que a assassina… é ela.

Será?

A minha opinião:
Mais um excelente thriller de estreia. O anterior do género que li, A Conspiração da Senhora Parrish foi viciante e surpreendente e este é igualmente convincente. Na  génese, um relacionamento e adúlterio contados na perspetiva feminina.

Bethany apaixona-se e apesar do secretismo da relação, alguém sabe e enreda-a numa armadilha em que acaba por ser suspeita do crime do amante;

"Não é paranoia quando é verdade."

Curiosamente, Calum e  Jason, amante e marido, não têm peso nesta narrativa, são apenas personagens secundárias, assim como a amiga Alex, enquanto o misterioso assassino sobressai na perseguição inteligente e audaz que faz a Bethany, em que imprime um ritmo e uma intensidade tal que se torna quase impossível interromper a leitura. Capítulos curtos e eficazes, linguagem direta e sem rodeios ou grandes metáforas, tudo bem doseado e calculado para um bem sucedido thriller.

Claro que o marido é o primeiro que ocorre mas... as dúvidas persistem e a falta de pistas também. E apenas no fim percebi. Como eu gosto. Exatamente o tipo de leitura que me intriga, desafia e conquista. 
Muito Bom. 

sexta-feira, 27 de abril de 2018

As Sombras de Leonardo da Vinci

Autor: Christian Gálvez
Edição: 2018/ março
Páginas: 388
ISBN: 9789897243677
Tradutor: Inês Guerreiro
Editora: Clube do Autor

Sinopse:
Século XVI. Os conflitos pelo poder nos Estados Italianos crescem ao mesmo tempo que as artes prosperam. A Igreja e famílias como os Médici e os Sforza detêm o domínio do território e das riquezas. Savonarola ganha seguidores. Verrocchio, Botticelli, Miguel Ângelo e Rafael são artistas respeitados.
Florença é casa dos Médici e berço desta ebulição cultural. O criativo e genial Leonardo da Vinci finalmente começa a criar nome, tem o seu próprio ateliê e clientes e liberdade para desenvolver a sua arte e as suas invenções. Mas uma acusação anónima de sodomia obriga-o a abandonar os seus planos e a cidade das artes.
Invejas e medos, ignorância e corrupção, sofrimento e perseguição. Quando Leonardo percebe que nada do que parece ser é e que os inimigos podem estar em qualquer lugar, debate-se entre a vontade de triunfar e o desejo de vingança, entre o homem pecador e o génio inventivo, entre o passado e o futuro.

Este é um romance histórico com uma extensa pesquisa por trás, em que as descrições e os grandes nomes da época criam o ambiente perfeito para conhecermos melhor o homem por trás de toda a genialidade.

A minha opinião:
Há algum tempo que não lia um romance histórico, particularmente um bom romance histórico. Mais uma gentileza do Clube do Autor que, muito agradeço. 

Leonardo da Vinci, o imortal génio de que ouvimos falar, foi pintor, cientista, engenheiro, inventor, anatomista, escultor, arquiteto, urbanista, botânico, músico, poeta, filósofo e escritor. Este romance histórico pretende dar a conhecer um pouco do homem, por detrás de todos estes talentos. Leonardo era belo e garboso e conheceu a lealdade e a traição. E a vingança. Usou a perseverança e a determinação para sobreviver e vingar num mundo de fanáticos religiosos em que ousou voar e conquistar o céu ancorado ao chão. 

O seu quadro mais famoso, Mona Lisa, também conhecido como A Gioconda, é explicado no fim pelo seu fiel discípluo Francesco Melzi a D. Francisco I, rei de França. 

Uma vida corajosa, aventuras e rivalidades, num elaborado romance que resultou de uma exaustiva investigação e verdadeira paixão e admiração por esta personagem impar. Um romance que não me conquistou de imediato mas seduziu-me gradualmente, página a página. Ausente destas páginas a sexualidade de Leonardo da Vinci, que muito jovem foi acusado de sodomia e quase pereceu. Os amigos e os inimigos. Miguel Ângelo Buonarroti, retratado como rude e mal disposto foi um rival digno que apreciava a competição, enquanto Sandro Botticelli, um traidor com o pecado da gula. 

Recomendo. 

terça-feira, 24 de abril de 2018

A minha avó pede desculpa

Autor: Fredrik Backman
Edição: 2018/ março
Páginas: 336
ISBN: 978-972-0-03069-6
Tradutor: Elsa T. S. Vieira
Editora: Porto Editora

Sinopse:

Elsa tem sete anos de idade, quase oito, e é diferente. Para já, tem como melhor - e única - amiga a avó de setenta e sete anos de idade, que é doida: não levemente taralhoca, mas doida varrida a sério, capaz de se pôr à varanda a tentar atingir pessoas que querem falar sobre Jesus com uma arma de paintball, ou assaltar um jardim zoológico porque a neta está triste. Todas as noites, Elsa refugia-se nas histórias da Avozinha, cujo cenário é o reino de Miamas, na Terra-de-Quase-Acordar, um reino mágico onde o normal é ser diferente.

Quando a Avozinha morre de repente e deixa uma série de cartas a pedir desculpa às pessoas que prejudicou, tem início a maior aventura de Elsa. As cartas levam-na a descobrir o que se esconde por detrás das vidas de cada um dos estranhíssimos moradores de um prédio muito especial, mas também à verdade sobre contos de fadas, reinos encantados e a forma como as escolhas do passado de uma mulher ímpar criam raízes no futuro dos que a conheceram.

A minha avó pede desculpa é uma belíssima história, contada com o mesmo sentido de humor e a mesma emoção que o romance de estreia de Fredrik Backman, o bestseller internacional Um homem chamado Ove.

A minha opinião:
Quando vi este livro reconheci o autor de Um Homem Chamado Ove. Um excelente cartão de visita para este novo livro para quem já o leu. Daí, a pedir este livro emprestado à minha boa amiga Cristina foi um instantinho e logo o recebi dado o entusiasmo que ambas partilhamos por esta escrita fantasiosa  baseada na realidade. 

"Todas as crianças de sete anos merecem ter os seus super-heróis e um dos superpoderes dos herois devia ser nunca ter cancro." (pag.27)

A avóznha é a melhor amiga de Elsa, uma criança inteligente e perspicaz, que através de vários contos de fadas lhe dá a conhecer o mundo e os que a rodeiam no que define como "castelo", que não é nada mais nada menos do que o pequeno prédio onde habitam e em que todos os inquilinos são personagens. Um mundo de encantar, sem perder o pé no real e nos múltiplos problemas do dia-a-dia. Morte, perda, sofrimento, solidão, perseguição, traumas, tudo tem o seu lugar sem perder a beleza e a leveza, numa narrativa que sem ser exaustiva é muito completa e abrangente. Ao alcance do entendimento de uma criança. 

"Porque nem todos os monstros eram monstros, a princípio. Alguns são monstros nascidos da dor." (pag.118)

A relação desta avó tão especial com esta criança tão peculiar, tão diferentes e tão iguais a tantas outras que muito se amam, é o tema principal deste romance. Mas o protagonistmo desta avó não se encerra na relação com a neta. Os superpoderes desta avó vão sendo desvendados ao longo da trama e a admiração e o espanto confortam o leitor como só um bom romance o consegue. 

"A avózinha de Elsa vivia num ritmo diferente das outras pessoas. Funcionava de forma diferente. Num mundo real, em comparação com tudo o que funcionava, ela era caótica. Porém, quando o mundo real se desmorona, quando tudo se transforma em caos, as pessoas como a avózinha de Elsa podem ser as únicas que se mantêm funcionais." (pag.123)

Talvez por a expetativa ser muito alta não me deslumbrou como esperava.Ainda assim é um romance que merece muito ser lido para descobrir o tanto que se esconde nas "entrelinhas". Ternura que se manifesta na capa e extravassa ao longo de todo a estória. 

sexta-feira, 20 de abril de 2018

O Nervo Ótico

Autor: María Gainza
Edição: 2018/ fevereiro
Páginas: 168
ISBN: 9789722064323
Tradutor: Maria do Carmo Abreu
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Quando María Gainza escreve nestas páginas sobre as vidas incríveis de El Greco, Courbet, Fujjita ou Toulouse-Lautrec, sobre o banquete que Picasso ofereceu em honra de Henri Rousseau entre a admiração e a troça ou sobre as misteriosas razões por que Rothko se recusou a entregar ao luxuoso Four Seasons uma encomenda milionária, a sua narradora está também a falar do hospital em que o marido fez quimioterapia e onde uma prostituta andava de quarto em quarto, da decadência da sua própria família em Buenos Aires, do desaparecimento precoce de uma amiga, do desconforto da gravidez ou até do pânico de voar. Como num museu - lugar que, aliás, frequenta muitas vezes à maneira de uma sala de primeiros-socorros -,a sua vida tem obviamente obras-primas, mas também pequenos quadros escondidos em corredores escuros e estreitos. E, no entanto, todos eles importam.

O Nervo Ótico é um livro de olhares: olhares dirigidos a pinturas e a quem as contempla. Singular e inclassificável, celebra o detalhe e inaugura um género literário no qual confluem, de forma absolutamente perfeita, a história da arte e a crónica íntima, num tom que oscila entre a comédia social e a ironia trágica. Traduzido por grandes editoras em todo o mundo, esta obra de estreia, tão depressa ousada como subtil, apresenta-nos uma grande escritora contemporânea.

A minha opinião:
Começo com um desabafo. Num dia de chuva escorreguei e cai, e estou um bocadinho "lerda" de locomoção. Eventualmente, de raciocinio. Sem a agilidade mental e a elasticidade de María Gainza, uma renegada da sua classe que, em momentos de ansiedade e melancolia percorre museus argentinos, em que lhe ocorrem aspectos da vida dos génios criativos que admira, bem como reflexões pessoais desassombradas.
Como refere de início "escrevemos uma coisa para contar outra,  e muitas são as coisas que conta neste pequeno romance em que se retarda a leitura para melhor o apreciar.

Bem sei que “O Nervo Ótico” incomoda muita gente por aderir ao acordo ortográfico, mas ultrapassado esse obstáculo vão certamente adorar. A arte marca. A literatura também. 

Quantas e quantas vezes já o escrevi, mas mais uma vez afirmo que, gosto muito de romances de estreia. Quase sempre têm um fulgor difícil de igualar.  Neste romance temos uma visita guiada pelas pinturas preferidas da autora em que nos altera a perspetiva. Admito a minha ignorância e nem todos conhecia. Onze preciosos capítulos em que tudo é uma questão de olhar

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Sangue na Neve

Autor: Jo Nesbø
Edição: 2018/ março
Páginas: 152
ISBN: 9789722064590
Tradutor: Ricardo Gonçalves
Editora: Dom Quixote

Sinopse: 

Olav é um assassino contratado, mas tem uma vida solitária e tranquila. Quando o que se faz na vida é matar o próximo, não é fácil fazer amigos, mas sem ninguém a quem se afeiçoar ou prestar contas, os dias também decorrem sem problemas. Só que o quotidiano de Olav complica-se ao conhecer a mulher dos seus sonhos.

Apaixonar-se por alguém já é por si só uma situação desafiante, mas há duas outras particularidades que fazem desta mulher um vendaval na sua rotina: é casada com o seu chefe. E este acaba de o contratar para a matar.

Como é que Olav irá gerir a situação?
Será que vai conseguir enganar um dos mais temíveis criminosos do país?

Este livro, anterior à série Harry Hole, tem já todos os ingredientes que fazem com que Jo Nesbø seja um dos autores nórdicos de policiais mais bem-sucedidos em todo o mundo.

A minha opinião:
Olav é um anti-herói. Um tipo com tendência em dar às pessoas alguma margem de manobra em relação às suas ações e decisões. Um controverso protagonista por quem se sente empatia. E não é o único que li. Fora da série Harry Hole,  com "O Filho", senti o mesmo pelo protagonista. 

Um assassino com dislexia, que na primeira pessoa narra as suas intuitivas percepções  e alguns detalhes da sua vida, num livro tão pequeno que se lê com animo e interesse até ao fim. Cheguei a questionar-me se não seria um conto, dadas as dimensões dos restantes livros que vi de Jo Nesbø. Ainda assim, em nada o desmerece, porque grandes ou pequenos lêem-se com paixão. 

A escrita coloquial e eficiente é um alento que não cansa. As personagens e o ambiente completam o quadro. As paisgens geladas, bem descritas, cenário em que a frieza também é uma carateristica das personagens. Sangue na Neve é enaltecido pelo contraste visual de alguma beleza. 

Traição, mas em que não existe desenvolvimento das restantes personagens, apenas enquadramento, sequer das mulheres que Olav amou.  Não senti falta de mais. Gostei da trama. O final surpreendeu-me. Gostei e vou repetir. Pretendo conhecer Harry Hole.

domingo, 8 de abril de 2018

Tudo é Possível

Autor: Elizabeth Strout
Edição: 2018/ março
Páginas: 240
ISBN: 9789896655020
Tradutor: Rita Canas Mendes
Editora: Alfaguara 

Sinopse: 
Depois do sucesso de O Meu Nome é Lucy Barton (Alfaguara, 2016), a escritora americanaElizabeth Strout (n. 1956), uma das romancistas mais aclamadas da actualidade, regressa com um mosaico delicado da vida de todos os dias, um retrato íntimo das pessoas comuns que tentam entender-se e entender os outros, esforçando-se por ultrapassar o sempre crescente abismo entre o desejar e o ter.
Lançando um olhar sobre as ambiguidades e ambivalências da alma humana, Tudo é Possível, obra com a chancela da Editora Alfaguara, é um hino à sensibilidade e à compaixão.

A minha opinião: 
Não sou crítica literária. E nem tinha como o ser. Limito-me a reportar o que pensei ou senti com os livros que li. Afinal, sou uma leitora. 

Alguns livros são avassaladores. Retemos na memória a forte impressão que causaram. O mais importante pode ser não o que descrevem, mas o que sentimos com o que lemos. O romance O Meu Nome é Lucy Barton foi assim e este romance voltou a ser. 

Todos temos um universo dentro de nós, ambiguidades, contradições, mágoas, expetativas, que perservamos. Cada uma das personagens, agora idosas, que fizeram parte da vida de Lucy Barton (ela é uma personagem secundária quando regressa à sua terra natal, após o lançamento do seu livro de memórias) ganham vida e todo o seu sentir é colocado a nú de forma desprendida e crua. Cada capítulo, subtilmente interligados, é um conto que retrata uma personagem, com as suas misérias e grandezas, em que amiúde fui surpreendida com compaixão e generosidade, o que me fez crer que na vida TUDO É POSSÍVEL. 

Maturidade na escrita e na narrativa, que nos confronta com a nossa humanidade. Intenso. Muito bom. Mais uma autora que não vai sair do meu radar.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

A Conspiração da Senhora Parrish




Autor: Liv Constantine
Edição: 2018/ março
Páginas: 400
ISBN: 9788491392545
Tradutor: Mariana Mata 
Editora: HARPER COLLINS

Sinopse: 
Uma nova voz em suspense psicológico apresenta-nos esta fascinante trama sobre Amber Patterson, uma mulher fria e manipuladora e um endinheirado casal de ouro. Com surpreendentes reviravoltas e segredos obscuros trata-se de um thriller suculento e aditivo deliciosamente enganoso que cativará os leitores até altas horas da madrugada.
Com uma trama tão retorcida e fascinante como a Rapariga no Comboio.

A minha opinião: 
Ambição e inveja. Uma vida de luxo com um homem de sonho, esse era o objectivo de Amber, que engendrou um bom plano para o conseguir. Jackson Parrish era casado e ficar amiga da sua mulher Daphne era fundamental. Duas personagens femininas antagónicas, o bem e o mal, branco e negro. 

A elegante imagem de capa exerce o seu fascínio, que se consolida depois de ler este romance em que duas inteligentes mulheres usam secretamente os seus trunfos neste enredo plausível e convincente, ou não tivesse sido escrita a duas mãos com o pseudónimo Liv Constantine. Não o entendo como um thriller psicológico, apesar da reviravolta na segunda das três partes, em que confirmei as minhas suspeitas.

Empatia, manipulação e calculismo usado para diferentes fins. Disturbio, por vezes. Uma estória bem contada numa escrita fluída que prende desde o início, o que pode ser complicado de conseguir quando o livro anterior agradou. As personagens enredam o leitor, e em algumas passagens mais do que o susto é o choque (sem querer revelar demais). Espero com isto espicaçar a curiosidade. Algumas gralhas no texto aborreceram-me um pouco, principalmente na primeira parte. Em suma, foi de encontro às minhas expetativas e as 400 páginas leram-se num ápice. Muito bom. Vou ficar atenta às irmãs Constantine.

domingo, 1 de abril de 2018

O Som das Coisas que Começam

Autor: Evita Greco
Edição: 2018/ fevereiro
Páginas: 248
ISBN: 9789722361644
Tradutor: Maria das Mercês Peixoto
Editora: Presença

Sinopse: 


Ada aprendeu com a avó, Teresa, a não ter medo e a não perder a coragem: sempre que algo de belo parece desaparecer, ela deve apurar o ouvido e prestar atenção aos sons. Só assim será possível reconhecer os sons das coisas que começam. Alguns são simples e têm uma magia especial: uma orquestra no momento de afinar os instrumentos, o vento uivante na tempestade, o tilintar de chávenas de café todas as manhãs... Mas na vida nem sempre sabemos reconhecer as coisas belas - quando deixamos de acreditar em nós próprios, ou quando alguém parte. Para Ada, agora que Teresa está gravemente doente, o medo de ficar só é tão forte que a tolhe . Mas ela conhece Giulia, a enfermeira que a encoraja, e Matteo, o homem que a surpreende com o amor incondicional. Giulia e Matteo irão confirmar que o amor significa prestar atenção aos sons que ninguém, exceto cada um de nós, consegue ouvir. E Ada irá aprender que, mesmo quando as coisas estão a terminar, algures no mundo elas estão também a começar.


A minha opinião: 
Um romance de emoções. Suave, subtil e tão forte, que me obrigava a parar de ler para me recompor. 

Uma avó especial, que criou a neta desde os três anos. Teresa está doente. Hospitalizada. Aga, a neta, imaginativa, disléxica, vive fora da realidade, mas atenta a tudo o que a rodeia (como a avó lhe ensinou) e Giulia, a cuidadora, prática e alheia. Submissa sem o deixar saber. E por fim, Matteo. Não chegam a ser uma mão cheia as personagens que preenchem as páginas deste romance de estreia, no entanto, encheram-me de afeto. Ao ler, percebi enfim, o quanto gosto de romances de estreia pela admirável convicção de que as palavras cheguem ao leitor com o mesmo ímpeto com que as escreveram. E chegam. 

Este romance tem duas partes, que acontecem em simultâneo. Talvez seja assim que as coisas irreparáveis, aquelas que tomam um curso antes inimaginável e depois inesquecível, sejam de uma só espécie, nem boa nem má, apenas muito poderosa e surpreendemente frágil. Na dor, não se consegue ver as coisas em perspetiva. Apenas podemos estar atentos ao som das coisas que começam. 

Os livros da Presença são imensos, não só pelo muito que nos fazem sentir, como pela delicada espessura dos livros que nos induzem no erro de que a leitura seja breve. Temas importantes, que parecem banais, se a abordagem não fosse diferente, como neste romance que se considera a perda, a amizade, o amor e a morte. Muito bom. Gostei muito.