Páginas

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O Francoatirador Paciente

Autor: Arturo Pérez-Reverte
Edição: 2014/ julho
Páginas: 240
ISBN: 9789892327808
Editora: ASA

Sinopse:
Sniper é uma lenda viva no mundo da arte de rua. Subversivo e omnipresente na tela urbana, ninguém conhece a sua identidade, poucos terão visto o seu rosto, não há relatos do seu paradeiro. Quem é o verdadeiro Sniper por detrás deste enigma que o mistifica? É um heroico cruzamento de Salman Rushdie e Banksy, um justiceiro solitário? Ou um terrorista urbano, um enomaníaco cujas ações já se revelaram fatais?

Alejandra Varela, especialista em arte, decide seguir os passos deste homem sem lei. Uma mira telescópica de francoatirador assina todos os trabalhos de Sniper, e é essa mira que leva Alejandra a infiltrar-se no submundo de Madrid e Lisboa, Verona e Nápoles. Cidades que são os campos de batalha prediletos deste caçador solitário. Mas, a coberto das sombras, uma outra pessoa aguarda para descobrir o paradeiro de Sniper, embora as suas motivações sejam bem diferentes… 
Segue-se um formidável duelo de inteligências, um jogo de perseguição entre caçador e presa cujo final é, no mínimo, surpreendente.
Thriller centrado no obscuro e inexplorado submundo da arte urbana, nas suas leis e códigos éticos próprios, na frágil distinção entre arte e vandalismo, O Francoatirador Paciente é um convite à reflexão sobre a identidade urbana, a arte e o artista moderno.

A minha opinião:
Tema forte e bem explorado: a arte urbana. Numa sociedade que tudo domestica, compra e torna seu, a arte atual só pode ser livre e só pode realizar-se na rua, e ao realizar-se na rua só pode ser ilegal, porque é exercida em território alheio aos valores que a sociedade atual impõe. Dá que pensar. Principalmente quando, para além da transgressão e adrenalina, o graffiti torna possível uma camaradagem invulgar noutros ambientes, anónima por detrás de cada tag

"Lá fora, (...) enquanto agitas o spray, cheiras a tinta fresca que outro writer deixou na mesma parede como se cheirasses o seu rasto, sentes-te parte de algo. Sentes-te menos sozinha. Menos ninguém." (pag. 32)

Li há algum tempo atrás "O Tango da Velha Guarda" e fiquei rendida a uma escrita madura, segura, numa bem concebida e elaborada trama, com duas personagens memoráveis. Esperava sentir o mesmo entusiasmo com "O Francoatirador Paciente". Mas essa expectativa talvez tenha sido prejudicial, porque, apesar da inegável qualidade deste romance, não acarinhei tanto este enredo e estas personagens. 

O ritmo é pausado, e daí a minha dificuldade em classificá-lo como thriller, porque não senti senti aquela tensão e suspense que associo a esse género. Alguma curiosidade apenas, em perceber a motivação real de Alejandra Varela ao procurar descobrir a identidade do talentoso Sniper, e como a sua reputação o consagrara tanto perante outros writters que arriscavam a vida para concretizar os desafios que lançava. O final é o que mais impacto tem.   

Uma leitura que recomendo, porque, noutro momento, tirarei melhor partido dela.

Sem comentários:

Enviar um comentário