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domingo, 3 de agosto de 2014

Índice Médio de Felicidade

Autor: David Machado
Edição: 2013/ junho
Páginas: 256
ISBN: 9789722052764
Editora: DOM QUIXOTE

Sinopse:
Daniel tinha um plano, uma espécie de diário do futuro, escrito num caderno. Às vezes voltava atrás para corrigir pequenas coisas, mas, ainda assim, a vida parecia fácil - e a felicidade também. De repente, porém, tudo se complicou: Portugal entrou em colapso e Daniel perdeu o emprego, deixando de poder pagar a prestação da casa; a mulher, também desempregada, foi-se embora com os filhos à procura de melhores oportunidades; os seus dois melhores amigos encontram-se ausentes: um, Xavier, está trancado em casa há doze anos, obcecado com as estatísticas e profundamente deprimido com o facto de o site que criaram para as pessoas se entreajudarem se ter revelado um completo fracasso; o outro, Almodôvar, foi preso numa tentativa desesperada de remendar a vida. Quando pensa nos seus filhos e no filho de Almodôvar, Daniel procura perceber que tipo de esperança resta às gerações que se lhe seguem. E não quer desistir. Apesar dos escombros em que se transformou a sua vida, a sua vontade de refazer tudo parece inabalável. Porque, sem futuro, o presente não faz sentido. 

Índice Médio de Felicidade é um romance admirável e extremamente actual sobre um optimista que luta até ao fim pela sua vida e pela felicidade daqueles que ama. Dramático e realista, mas com momentos hilariantes, confirma o talento de David Machado como um dos melhores ficcionistas da sua geração.

A minha opinião:
Por muito ler, pensava que conhecia muitos dos bons escritores e os respectivos livros que se encontravam facilmente disponíveis nas livrarias. Como membro da Roda dos Livros, descobri que não poderia estar mais equivocada, e nem ter sido mais presunçosa, porque tanto há para descobrir, principalmente novos e bons autores portugueses. Confesso, com algum embaraço, que ainda não me rendi completamente. Ideias preconcebidas, muito enraizadas, apoiadas em más memórias de alguns clássicos ou conceituados autores que me aborreceram terrivelmente. Ainda assim, são cada vez mais os que ouso ler e aprecio bastante. Índice Médio de Felicidade aguardou muito tempo na estante que o lesse, mas tal como aventaram revelou-se uma leitura actual, pertinente e difícil, pelo muito que em si contem da real conjuntura económica.

Três amigos criaram um site que funcionava como uma rede social, sem sucesso, tal como eles, já que todos se distanciaram dos seus planos. Xavier, deprimida e sombria personagem, tinha um questionário com uma única questão:

- Numa escala de 0 a 10, quão satisfeito se sente com a vida no seu todo?

A partir daqui tudo se complica. Focado na demanda da felicidade como objectivo primordial do ser humano, esta é uma questão abrangente e complexa que envolve tanta informação e emoção, que até para o leitor comum se torna perturbador. Equacionar a vontade de ser feliz e a esperança nos reveses da vida ou da sorte, quando relativizamos tudo, e não aceitamos menos e queremos sempre mais e até mesmo uma profissão nos define, leva a confrontar-nos com as nossas escolhas e valores numa obra de fição muito bem escrita e com um Daniel extraordinário.

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