Páginas

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Corpos Subtis

Autor: Norman Rush
Edição: 2014/ abril
Páginas: 232
ISBN: 9789897221521
Editora: Quetzal

Sinopse:
Nina e Ned estão a tentar conceber um filho. Em pleno período fértil de Nina, Ned apanha subitamente, e sem aviso, um avião, para comparecer ao funeral de Douglas, um misterioso amigo dos seus tempos de estudante. Nina, furiosa, põe-se a caminho, atrás dele, para poderem ir para a cama no momento certo.
Douglas era o chefe de um círculo de amigos da faculdade, e Nina fica incrédula perante o ascendente que, volvidos tantos anos e malgrado o afastamento, o grupo - e em especial Douglas, mesmo depois de morto - tem sobre Ned.

Corpos Subtis explora a reconfiguração e a reavaliação desse grupo de amigos no seguimento da morte de Douglas e questiona as razões pelas quais fazemos os amigos que fazemos, porque os conservamos e qual o sentido que damos às nossas histórias pessoais.
É um retrato sábio e divertido, e uma observação finíssima da inconstância das relações e das novas verdades que podem emergir de velhas certezas.
Como a toda a obra de Norman Rush, a Corpos Subtis também se aplica a máxima "ficção é a verdade contada de forma excessiva e belíssima". É certamente também uma envolvente e rigorosa lição na arte do romance.

A minha opinião:
Não foi de todo o que eu esperava ou desejava ler. 

A Quetzal distingue-se por apresentar frequentemente romances de muita qualidade, embora nem sempre acessíveis ou compreensíveis para o leitor comum, categoria onde me enquadro. Este é um romance peculiar ou estranho, pelas personagens e pelo modo como agem, pensam e se relacionam.

Um pequeno grupo de indivíduos da faixa etária dos quarenta, definidos como crânios na faculdade, que na altura se manifestavam com comportamentos bizarros, reencontram-se muitos anos depois devido a um estúpido acidente onde morreu o líder desse grupo. Desconectadas com o real, mas com uma visão politizada do mundo, ou simplesmente desfuncionais nos seus relacionamentos, inclusive no laço que os unia desde a faculdade, estas personagens procuravam um rumo ou um elo, assim como eu como leitora procurava discernir o quanto faltava revelar-se sobre eles.
Ned e Nina são as personagens principais. Na sua relação, investem num projecto comum. Um filho. Por essa razão, Nina seguiu Ned e impôs a sua presença, mesmo sem ser convidada naquele belo cenário. Intuitiva ou arguta, Nina rapidamente se apercebe do muito que se oculta. 
Rude é a palavra que melhor descreve o afecto no seu relacionamento com Ned,  mas que ainda assim funcionava.

Corpos subtis é a essência que se oculta em cada um de nós e com a qual nos confrontamos através destas personagens, com tantos problemas e ambiguidades por resolver.
Não foi um enredo ou personagens que me prendessem à leitura. Mas estive algo intrigada com o que poderia desvendar destas excêntricas e até grosseiras personagens, que chegavam a ser criticadas, por não saberem usar a sanita para urinar.

"O Douglas disse uma coisa que era bem verdade. Disse que o objetivo da guerra é preservar a continuidade da vida de todos os dias, recorrendo para isso a todos os meios que forem necessários." 
(pag. 64).

Sem comentários:

Enviar um comentário