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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Despedida de Casado

Autor: Virgílio Castelo
Edição: 2014/ março
Páginas: 264
ISBN: 9789896265304
Editora: Esfera dos Livros

Sinopse:
Morrer por amor. Numa fria madrugada, num ato de loucura, João e Beatriz decidem suicidar-se para eternizar o seu amor, tornando-o assim perfeito. Imortal. Na escuridão da planície alentejana entram nos seus carros e aceleram vertiginosamente um contra o outro. Mas João, no último momento, decide reescrever o seu destino.

Para isso será necessário uma despedida. Do casamento, de Beatriz, de uma relação perigosa, baseada na obsessão e no ciúme descontrolado. Despedir-se sem olhar para trás e partir numa longa viagem em busca de si próprio, da sua essência e de uma nova forma de amar, até agora desconhecida. Um amor puro, sem sofrimento, nem ameaças, capaz, quem sabe, de o fazer verdadeiramente e apenas feliz.
Depois do êxito do seu primeiro romance, O Último Navegador, o ator Virgílio Castelo regressa à escrita com este poderoso romance sobre as relações humanas. Até onde podemos ir quando nos apaixonamos? Ao longo destas páginas somos questionados e impelidos a descobrir diferentes formas de amar. Do amor obsessivo e doentio, capaz de nos arrastar para o lado mais obscuro e desconhecido do nosso ser, capaz de nos levar à loucura e até à morte, ao amor são, onde a entrega, a esperança e a paixão, dão novos significados à palavra amar.
 
A minha opinião:
"Sempre achara ser feliz um objetivo infantil e quase estúpido, na medida em que só com um alheamento total do mundo à nossa volta, poderíamos, talvez, atingir um estado de maravilhamento permanente, capaz de nos fazer crer detentores desse privilégio divino: parar o tempo, definir o espaço, e inventar o modo. Mas, apesar de a humanidade ter vindo a conquistar cada vez mais céu, de há milhões de anos para cá, a verdade é ainda bastante prosaica: é muito difícil sermos deuses, por mais que a gente o queira, ou até mereça." 
(pag. 237)

Quando li a sinopse fiquei bastante tentada a ler este romance. A complexidade das relações afetivas. Mais do que entretenimento, procuro uma estória bem desenvolvida e habilmente contada que faça eco em mim. Nesse sentido sobressaltei-me quando percebi quem era o autor. Mas decidi não ceder a esse subtil preconceito em julgar antecipadamente quem não conheço realmente. E foi com agrado que li este romance. 

Não é uma leitura fácil tal a intensidade dos sentimentos expressos, numa narrativa densa mas a que não se fica indiferente. Enriquecedora se o permitirmos, dependendo do conceito que tivermos de felicidade. 

Nesta tragédia amorosa entre duas figuras mediáticas sujeitas ao escrutínio e mesquinhez da opinião pública, temos uma relação marcada por excessos. Tóxica e desequilibrada. Nestas coisas do amor, há frequentemente um desajuste, em que um gosta e o outro apenas se deixa gostar ou um pede, exige e cobra e o outro cede e submete-se, até que surge o fantasma do divórcio e tudo se complica. Em que a vertigem do sexo ou as limitações financeiras não impedem o desfecho. 

Com um final surpreendente e místico, que muito me agradou. 
Em suma, recomendo sem hesitações.

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