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sábado, 26 de outubro de 2013

O impostor

Autor: Damon Galgut
Edição: 2013, maio
Páginas: 320
ISBN: 9789896721756
Editora: Alfaguara

Sinopse:
Na sociedade do pós-apartheid, Adam perde o emprego e vê-se forçado a deixar Joanesburgo e mudar-se para uma casa abandonada nos limites da cidade. Aí, no meio da savana, entre a depressão e a embriaguez, tenta encontrar na literatura um novo caminho. Mas, afinal, encontra Canning, um homem que diz que Adam lhe salvou a vida nos tempos de escola. Adam não se recorda de Canning mas decide entrar no jogo, seduzido por tudo o que Canning tem: uma grande fortuna herdada do pai e uma bela e enigmática mulher, por quem se sente perigosamente atraído.

Na extravagante mansão de Canning e Baby, um local mágico e fantástico, Adam é arrastado para uma estranha relação a três, que o transforma irremediavelmente.
Este magnífico romance evoca uma sociedade em permanente mudança pelas forças do dinheiro e do poder, um mundo cruel e claustrofóbico, carregado de dilemas morais, onde o sexo, a morte e a traição formam uma teia em perigo iminente de explosão.
Duas vezes finalista do Man Booker Prize, Damon Galgut é uma voz incontornável da literatura sul-africana.

A minha opinião:
Inquietante pelos pensamentos e sentimentos expressos numa linguagem límpida e objetiva mas polida. Um romance difícil de processar  pelo muito que contêm. Um retrato sobre África do Sul após o apartheid onde a supremacia (atualmente multiracial) dos mais fortes sobre os mais fracos se impõe, abstendo-se conscientemente de valores morais, com preponderância da ganância e corrupção em detrimento da vida e natureza. 

Adam Napier, desencantado "branco" que se assume nesta fase difícil da sua vida como um potencial poeta, é aparentemente o Impostor desta trama que decorre em Karoo, uma pequena comunidade rural agreste, onde reencontra um antigo colega do colégio interno, Kenneth Canning e a sua estranha bela mulher negra, Baby. Estes personagens mantém uma perturbadora ligação onde prevalece solidão, tédio e ambivalencia.

"Escrever poesia é uma forma diferente de se purgar."
(pag.141)

O desfecho é tão duro e realista como todo o enredo e ambiente desta estória que é a antítese de romance, mas excecional pela escrita. Todas as personagens apresentam fragilidades e misérias. 

"Fachadas e rostos públicos; poder oculto nas sombras".  
(pag. 238)

Poder-se à dizer que todos poderão ser os Impostores. 

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