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domingo, 5 de maio de 2013

A vida em surdina


Autor: David Lodge
Edição: 2009, Maio
Páginas: 336
ISBN: 9789892304762
Editora: ASA

Sinopse:
Quando decide pedir a reforma antecipada, o professor universitário Desmond Bates nunca pensou vir a sentir saudades da azáfama das aulas. A verdade é que a monotonia do dia-a-dia não o satisfaz. Para tal contribui também o facto de a carreira da sua mulher, Winifred, ir de vento em popa, reduzindo o papel de Desmond ao de mero acompanhante e dono de casa. Mas o que o aborrece verdadeiramente é a sua crescente perda de audição, fonte constante de atrito doméstico e constrangimento social. Desmond apercebe-se de que, na imaginação das pessoas, a surdez é cómica, enquanto a cegueira é trágica, mas para o surdo é tudo menos uma brincadeira. Contudo, vai ser a sua surdez que o levará a envolver-se, inadvertidamente, com uma jovem cujo comportamento imprevisível e irresponsável ameaça desestabilizar por completo a sua vida.

A minha opinião:
Não sou muito influenciável quando ouço elogiar um livro porque sei do que gosto. Fico reticente. Mas, de quando em quando, tomo a sábia decisão de aceitar a sugestão alheia, mesmo quando nada sei sobre o referido livro, como foi este o caso. 

Desmond Bates escreve entre 1 de Novembro de 2006 e 8 de Março de 2009, uma espécie de diário, notas para uma autobiografia ou faz disso uma simples terapia ocupacional, mas em que revela o que lhe acontece e onde a privação da audição lhe dá sensações, emoções e percepções diferenciadas na sua relação com os outros e na gestão corrente da sua vida. Esta característica, a surdez, humaniza a personagem e o seu acutilante sentido crítico, bem como a ironia, em que todos são visados, dá-lhe uma dimensão trágico-cómica.  

Inserido numa família alargada com um segundo casamento, as peripécias sucedem-se com as dificuldades acrescidas da surdez, onde a Alex Loom, a perturbada personagem fora da teia famíliar agudiza um pouco mais Desmond com a sua tese de doutoramento sobre os bilhetes de suicídio. Todo um cenário, ora arrepiante, ora hilariante, na conjugação de afectos.

Romance equilibrado e profundo, surpreendentemente bem contado para quem como eu nada leu do autor.
Um prazer de ler!

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