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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O Tempo dos Amores Perfeitos


Autor:  Tiago Rebelo
Edição: 2012, Julho
Páginas: 620
ISBN: 9789892320168
Editora: ASA

Sinopse:
Em O Tempo dos Amores Perfeitos, Tiago Rebelo conta-nos as aventuras de um oficial português em Angola, nos finais do século XIX, nos conturbados anos que se seguiram ao Ultimatum britânico. Num universo de ficção e veracidade histórica acompanhamos a história de amor do jovem tenente Carlos Augusto de Noronha e Montanha, um antepassado do próprio escritor, que é destacado para algumas das operações mais difíceis no interior de Angola, e Leonor, filha do governador, que Carlos conhece numa das travessias Lisboa - Luanda.
Intensamente apaixonados vêem, no entanto, a sua relação amorosa comprometida por conflitos de interesses que opõem a família de Leonor ao tenente Montanha.

A minha opinião:
Que grande calhamaço!!!
Sei que Tiago Rebelo tem uma escrita fluída e ligeira, quase como que passando ao papel o que poderia contar verbalmente, mas fui surpreendida pela dimensão do livro que ainda assim li prazeirosamente. 
 
A nossa História recente num romance de época. A importância da expansão territorial dos portugueses em África com descrições coloridas e vivas, num tempo de grandiosas expedições e notáveis feitos de coragem, que só podem analisados adequadamente contextualizando os acontecimentos.
  
"Eram tempos heróicos aqueles, arriscava-se a vida por uma pátria que ousara ser do tamanho do mundo e que entregara a nobre missão  de o descobrir a sonhadores de boa índole, homes de grande engenho e determinação que tinham atravessado oceanos sem a certeza de nada, senão de que navegavam para a morte ou para a glória. ... Agora, séculos passados, (...) A coroa perdia o brilho, a anarquia ganhava terreno e o império esboroava-se os poucos. Mas em Àfrica tudo parecia diferente."
(pag.193)
 
Para tal contribuiram as aventuras militares do tenente Carlos Augusto de Noronha e Montanha e o seu romance com Leonor, uma jovem inadequada pelos convenções e expetativas  que fazem esse enquadramento de época com realismo e riqueza de detalhes. O que mais me encantou foi a apaixonante e díficil relação deste casal, que comunicava por carta devido à distância que os separava em Angola e o papel que estava destinado às mulheres da classe social de Leonor nesses tempos.
 
"Leonor não tinha muitas ilusões. Sabia que nascera numa sociedade de homens, feita para os homens, que lhes concedia todos os direitos ao mesmo tempo que coarctava as liberdades femininas por motivos que podiam ser histórica e culturalmente explicáveis, mas que, pelo menos a ela, soavam muito a hipocrisia. As mulheres eram educadas para serem subservientes ..."
(pag.53)

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