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quinta-feira, 24 de maio de 2012

A vida sabe o que faz

Autor: Zibia Gasparetto
Edição: 2012, Abril
Páginas: 256
ISBN: 9789896681524
Editora: Nascente

Sinopse:
Isabel perde o noivo, Carlos, dado como desaparecido em combate na Segunda Guerra Mundial, e retoma a sua vida ao lado de Gilberto. Carlos regressa inesperadamente, apaixonado e ávido por recuperar os anos de juventude perdida. Isabel é colocada perante um terrível dilema. Após refletir, Isabel tem apenas uma opção: ficar ao lado de Gilberto e confrontar Carlos. Ao conhecer a decisão, Carlos revolta-se e tem dificuldade em afastar-se. Incomodado por sonhos e mensagens que não consegue compreender, será ele capaz de encontrar o seu próprio caminho ou irá lutar por Isabel até ao fim?

A minha opinião:
Li a sinopse "em diagonal", desatenta, e pareceu-me promissor. O género de romance que quando bem desenvolvido seria do meu agrado. E assim foi, mas ... foi inesperado, porque foca um tema de fundo muito delicado e sensível como a espiritualidade.
Com alguma reserva interesso-me por este tema.  Convições e crenças é algo de muito pessoal. Fé numa força superior (seja qual for o nome que lhe atribuimos), é algo que nos anima a persistir e a lutar contra todas as adversidades e impulsiona para vencermos porque A VIDA SABE O QUE FAZ.

A sinopse anuncia do que se trata. Um triângulo amoroso que surgiu nos pós-guerra e as escolhas/ decisões dos envolvidos que determinaram o seu futuro.
Interações familiares, amores, amizades, encontros e reencontros, perdas, desilusões,  sonhos e vitórias. Uma série de situações possíveis e verossímeis contada de uma forma singela, quase como que transportado da oralidade para o papel e que nos prende à leitura até ao termo.

          "De concreto, só temos o momento presente. O passado acabou, não é possível voltarmos atrás e o futuro depende do que escolhermos hoje."

Pais desavindos devido à traição do progenitor, e a  interessante interpretação do filho. Não resisto a transcrever aproxidamente.

           "Ela continuava obcecada com a traição do marido, sem querer separar-se. ...sem que descobrisse outros interesses e percebesse que a vida ainda tinha muitas coisas para oferecer....
Pela primeira vez, Niv... tomou consciência de que, recusando-se a deixar o marido e colocando-se no papel de vitima, o que ela pretendia realmente era vingar-se dele. Talvez ela ignorasse isso, mas, ao suportar a traição e ser vista como uma esposa digna, dedicada, que continuava ao lado do marido por amor à familia, ela estava a condená-lo. As virtudes dela tornavam ainda mais graves os deslizes dele. Ela era a mártir, ele, o algoz. Era o sentimento de raiva que a levava a viver esse papel.
             G... nunca expressara a sua raiva, o que não era natural na situação em que se encontrava, mas o sentimento continuava lá, influenciando as suas atítudes."

Um dos aspetos fundamentais da história destas simpáticas personagens é a mensagem de que para se viver bem, é preciso agir bem. Ética, moral.
Um livro que merece ser bem ser lido pelos mais céticos ou distraídos como eu.

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